sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Futebol não é só momento


Depois da belíssima atuação na vitória por 3 a 2 contra o Udinese, Ronaldinho Gaúcho certamente voltará a ter o nome pedido na seleção em resenhas esportivas, filas de banco, botecos e qualquer ambiente que respire futebol. As críticas recaem principalmente sobre o técnico Dunga, que “não gosta de jogadores habilidosos, circenses, no time e não convoca o ex-melhor do mundo por birra”, como se ele nunca tivesse tido chances e jogado todas elas no lixo.

Muitas vezes, o argumento usado para defender a convocação dele é o de que “futebol é momento”. Já disse por aqui e repito: esse é um dos maiores sofismas repetidos nos últimos anos. Uma frase que torna a análise absolutamente simplista e faz com que qualquer crítica que parta desse princípio seja ignorada. Ou pelo menos tente ser, já que, depois da última convocação, o treinador teve de responder cinco perguntas parecidíssimas sobre o tema. Quando se zangou, na última delas, ponderou sobre a repetição das perguntas e foi chamado, novamente, de “birrento”.

Voltando ao “futebol é momento”, é possível dizer que futebol é, também, momento. Mas é confiança, comprometimento, continuidade, talento, sorte e uma série de outras características. E aqueles que pedem Ronaldinho eram os mesmos que o queriam fora da seleção quando era chamado e não jogava nada. E serão os mesmos a bater no Gaúcho caso ele seja chamado para o Mundial e não corresponda, ou mesmo se corresponder e o Brasil não levar a taça.

Trocando em miúdos: se a decisão é de Dunga, o cargo é dele, a pressão é em cima dele, ele deve pensar, com total razão, que, mesmo que as coisas deem errado, é melhor pagar o preço pelas próprias convicções do que ir na onda de quem não tem responsabilidade nenhuma com o resultado final. Afinal de contas, o que importa, como diria o filósofo Oto Glória, é que “se ganhar é bestial, se perder é uma besta”.

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