quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O único invicto


Depois de conquistar a Ligue 1 em 2008/09 e quebrar a série de conquistas do Lyon, o Bordeaux mostra, em 2009/10, que está disposto a construir uma hegemonia no futebol francês e lidera a Ligue 1, com 51 pontos em 24 jogos, três a mais do que o Montpellier, segundo colocado, que já realizou 25 partidas. O provável bicampeonato, porém, não impressiona tanto quanto o fato dos Girondinos serem, até aqui, os únicos invictos da Liga dos Campeões.

No sorteio da primeira fase, o Bordeaux caiu no Grupo A, com os poderosos Bayern de Munique e Juventus, além do Maccabi Haifa-ISR. E era apontado como terceira força até a bola começar a rolar. Os prognósticos foram derrubados dentro de campo, com uma campanha impecável: em seis jogos, cinco vitórias e um empate. E a vitória fora de casa contra o Olympiacos por 1 a 0, no jogo de ida das oitavas de final, colocou a equipe com um pé nas quartas de final.

O principal responsável pela montagem desse time é Laurent Blanc, ídolo nacional como jogador, técnico da moda na Europa e, merecidamente, objeto de desejo de vários clubes grandes do Velho Continente para a próxima temporada. Ele já foi especulado como possível sucessor de Sir. Alex Ferguson, que está próximo da aposentadoria no Manchester United, e até mesmo, na seleção francesa que disputará a Copa do Mundo de 2010.

A estrela da companhia continua sendo Yoann Gourcuff, que é cercado de bons coadjuvantes como Yoann Gouffran, Marouane Chamakh e o eficiente lateral esquerdo Benoit Trémoulinas, que já fez sete assistências na Ligue 1 até agora. Os brasileiros Wendel e Fernando Menegazzo também são titulares, ao contrário de Jussiê, reserva de luxo que entra em quase todas as partidas. O zagueiro Henrique, ex-Flamengo, passou um tempo lesionado e só atuou em quatro oportunidades.

O ponto forte do time é a solidez da defesa, que sofreu apenas 18 gols no Campeonato Francês e dois na Liga dos Campeões. O “zagueiro artilheiro” Michaël Ciani e o principal goleador do time na competição europeia, faz uma boa composição com Marc Planus, e ambos são muito bem protegidos pelo capitão Alou Diarra, ex-Lyon, que exerce a função de primeiro volante, e Fernando Menegazzo, que é o segundo homem de meio-campo.

Se, por algum milagre, Blanc ficar no Bordeaux, poderá marcar época e, quem sabe, repetir os feitos alcançados pelo outrora imbatível Lyon.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A hora do sumiço


Dodô tem a carreira marcada por golaços e sumiços, e isso não é novidade para quem acompanha futebol há pelo menos 15 anos. No início da Taça Guanabara, empolgou os vascaínos com três belíssimos gols no 6 a 0 contra o Botafogo e mais três na vitória sobre o Friburguense, na rodada seguinte. E depois, como de costume, sumiu, se apequenou diante da marcação dos zagueiros e só foi às redes novamente na vitória por 1 a 0 contra o Resende.

O futebol dele desapareceu repentinamente, como em várias outras ocasiões da carreira. A exibição decepcionante contra o Fluminense já indicava isso, e neste domingo, Dodô provou que não mudou e continua sendo um jogador com o qual não se pode contar nas decisões. Afinal, em 15 anos como profissional, conquistou apenas dois títulos: o Campeonato Paulista de 1998, pelo São Paulo, e o Campeonato Carioca de 2006, pelo Botafogo. A pouca eficiência, porém, é mascarada pelos gols bonitos.

Além de não ser confiável, ele talvez não seja mais tecnicamente útil ao time. Recentemente, lendo o livro A história dos Grenais”, constatei que o Internacional da década de 70 foi montado da seguinte maneira: entre força, técnica e velocidade, o jogador precisava ter pelo menos duas dessas características para figurar na equipe. Trazendo para o cenário vascaíno, o Dodô de hoje é apenas técnico e não oferece possibilidades em jogadas de profundidade ou cruzamentos para a área.

Ao Botafogo, resta comemorar uma vitória merecida e iniciar a preparação para a final do campeonato. O time fez o que se propôs a fazer e se vingou de seu grande algoz com muita propriedade e alguma sorte. Méritos para Joel Santana, sacaneado pelo país inteiro nos últimos tempos, mas que, mais uma vez, provou ser competente e vencedor. E ao massacrado Fahel, que esteve impecável no papel de terceiro zagueiro e jamais será reconhecido por isso.

P.S: O livro “A história dos Grenais” é de autoria de David Coimbra, Nico Noronha, Mário Marcos de Souza e Carlos André Moreira. E conta os 100 primeiros anos da rivalidade entre os dois gigantes gaúchos. Vale a pena conferir.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

E a mística continua


Na semana passada, fiz postei dizendo que a mística de que “há coisas que só acontecem com o Botafogo” estava de pé, mesmo contra a vontade do presidente do clube, Maurício Assumpção. Hoje, na ressaca de um carnaval caseiro, pode-se reiterar o ditado com veemência. Afinal de contas, perder para o vencedor da Série D e se recuperar em cima do campeão da A é um feito inédito no futebol brasileiro, até porque a Série D só foi criada no ano passado.

O jogo, em si, era tido como uma barbada. Afinal de contas, o mundo, a CIA, o parlamento inglês, os cachaceiros de Peritoró-MA e até Barack Obama – o verdadeiro, não aquele pentelho da geral do Maracanã – sabiam e sabem que o Flamengo é superior. E venceria o jogo se Vagner Love não tivesse perdido os gols que perdeu no segundo tempo, mas o “se”, definitivamente, sempre foi um grande desfalque dos times que saem derrotados.

O uruguaio Loco Abreu, 1.93m, ganhou duas bolas da zaga rubro-negra, que é baixa e boa para enfrentar atacantes rápidos, mas sofre com o jogo aéreo. Se juntarmos o nanico Toró na conta, não acrescenta nada. O Botafogo soube explorar essas deficiências e mereceu ganhar, pois aproveitou as oportunidades que teve e soube levar o juiz na conversa no lance da “expulsão” de Fahel. A rigor, a jogada em si não seria nem falta em alguns países.

No próximo domingo, o Fogão tem a chance de conseguir mais um feito inédito. Afinal de contas, nenhum time na história foi campeão da Taça Guanabara após perder de 6 a 0 do rival. É a oportunidade de alimentar a mística e satisfazer a torcida, que foi muito castigada com derrotas para o Flamengo nos últimos anos. E o desejo do presidente, afinal, terá de ser adiado.

Um Odvan com direção hidráulica


Quando estava no auge da carreira, Sol Campbell era um zagueiro firme, vigoroso, que se destacava pela força física e eficiência no jogo aéreo. Ou talvez um pouco mais do que isso: era o capitão do Tottenham que virou ídolo no rival Arsenal após uma transferência polêmica em 2001. E foi titular dos Gunners na campanha do título inglês invicto na temporada 2003/04, além de ter disputado as Copas do Mundo de 1998, 2002 e 2006, e as Euros de 1996, 2000 e 2004 e 73 partidas com o English Team

Em 2006, Campbell mudou-se para o Portsmouth, já sem o mesmo ímpeto que o caracterizava anteriormente. E ao acertar com o modesto Notts County, da terceira divisão inglesa, indicava que iria encerrar a carreira. Mas que surge o convite do Arsenal, que passa por uma permanente crise de lesões desde o início da temporada. E lá estava o zagueirão de volta, para acrescentar experiência ao grupo e ajudar na campanha da Liga dos Campeões.

O tiro, no entanto, saiu pela culatra. Campbell fez o gol de empate dos Gunners, mas falhou bizarramente no segundo gol do Porto, que venceu por 2 a 1, ao recuar desnecessariamente uma bola para o outro trapalhão do jogo, Łukasz Fabiański, pegar com as mãos. Além disso, ele tomou um humilhante chapéu do brasileiro Hulk e mostrou insegurança durante toda a partida, deixando torcedores e companheiros receosos em relação ao futuro.

Mesmo que o Arsenal vença o jogo de volta e siga adiante na Liga dos Campeões, ficou a impressão de que não há mais lugar para Sol Campbell, o maior zagueiro-zagueiro da década de 90 – uma espécie de Odvan com direção hidráulica -, no primeiro escalão futebolístico. Mas o futebol, cretino e imprevisível como é, poderá transformá-lo novamente em herói na próxima partida, ou mesmo no final da temporada.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Decisivo na hora extra


Milan e Manchester United empatavam por 1 a 1 quando Wayne Rooney deu uma entrada criminosa em Thiago Silva. O atacante inglês já tinha cartão amarelo, e o árbitro português Olegário Benquerença pipocou. Na sequência, Rooney decidiu o jogo com dois gols, garantiu a vitória por 3 a 2 e praticamente assegurou a vaga dos Red Devils para as quartas de final. Temperamental e decisivo como sempre, ele justificou a hora extra concedida pelo juiz e mostrou que poderá ser eleito o melhor jogador do mundo em 2010.

Para que isso aconteça, porém, é preciso que a segunda característica supere a primeira com uma folga maior. O histórico de entradas maldosas e expulsões de Rooney faz com que ele seja mais visado pelos adversários e, consequentemente, esteja exposto a provocações. E, caso o Manchester United confirme a classificação, terá de enfrentar defesas superiores à do Milan, que, convenhamos, já deu várias provas de que não é das mais seguras.

Aos milanistas, resta lamentar as chances perdidas no primeiro tempo e aplaudir mais uma belíssima atuação de Ronaldinho Gaúcho, que fez um gol e deu belíssimo passe para Seedorf marcar o segundo, de letra. Eles também podem chorar pela ausência de Gattuso, xerife do meio-campo que certamente teria evitado alguns contra ataques ingleses à base de botinadas. Leonardo o barrou para colocar David Beckham, e foi infeliz na mudança.

O técnico rossonero também demorou para colocar Seedorf e Inzaghi em campo, mas não pode ser apontado como o único responsável pela derrota. Afinal, ele não tem muitas opções no elenco e precisa contar com os serviços do veterano Favalli, ou do inoperante Bonera. As falhas de Dida, no primeiro gol e Nesta, no terceiro, indicam claramente que é necessário um rejuvenescimento ainda mais intenso na equipe para os próximos anos.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

E a sorte sorriu para o Vasco


Foi o melhor 0 a 0 dos últimos tempos. Um jogo movimentado, disputado lance a lance, em todos os espaços. Pelo Fluminense, Fred perdeu pelo menos quatro chances que não costuma perder. No Vasco, as bolas do jogo caíram nos pés e na cabeça de Élder Granja, que também não aproveitou a oportunidade de se tornar herói. O tricolor foi mais objetivo em campo, enquanto o Vasco errava, com frequência, o último passe. Dodô, artilheiro do campeonato, teve uma atuação decepcionante.

No banco de reservas, um duelo interessante. Vagner Mancini conseguiu travar os laterais do Flu, mas insiste em treinar o time com uma linha de impedimento que deixa a zaga muito exposta. Cuca, por sua vez, conseguiu anular Dodô, mas errou ao escalar o jovem Bruno Veiga desde o início da partida. Nas substituições, Mancini levou a melhor, com as entradas de Rafael Carioca e Magno, enquanto o comandante tricolor trocou apenas seis por meia dúzia em suas três modificações.

O duelo particular entre Conca e Carlos Alberto também foi interessante de se ver. O meia tricolor colocou Fred duas vezes na cara do gol, enquanto o vascaíno municiou Élder Granja com dois belos passes, além de ter sofrido muitas faltas. O jogo também mostrou que Phillipe Coutinho tem muito o que aprender, apesar de ser um exímio driblador. Falta precisão nos chutes e passes, e ele precisa aprimorar esses fundamentos para ser chamado de craque um dia.

Se alguém esteve mais perto de ganhar, porém, esse alguém foi o Fluminense. Não venceu por falta de sorte e de competência de seu principal jogador. E também porque Alan, que muitas vezes entra no segundo tempo e decide o jogo a favor do Flu, dessa vez errou o pênalti decisivo na disputa, selando a vitória cruzmaltina por 6 a 5. O Vasco venceu porque alguém precisava vencer, mas os dois times mostraram, neste sábado de carnaval, que estão no caminho certo.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Futebol não é só momento


Depois da belíssima atuação na vitória por 3 a 2 contra o Udinese, Ronaldinho Gaúcho certamente voltará a ter o nome pedido na seleção em resenhas esportivas, filas de banco, botecos e qualquer ambiente que respire futebol. As críticas recaem principalmente sobre o técnico Dunga, que “não gosta de jogadores habilidosos, circenses, no time e não convoca o ex-melhor do mundo por birra”, como se ele nunca tivesse tido chances e jogado todas elas no lixo.

Muitas vezes, o argumento usado para defender a convocação dele é o de que “futebol é momento”. Já disse por aqui e repito: esse é um dos maiores sofismas repetidos nos últimos anos. Uma frase que torna a análise absolutamente simplista e faz com que qualquer crítica que parta desse princípio seja ignorada. Ou pelo menos tente ser, já que, depois da última convocação, o treinador teve de responder cinco perguntas parecidíssimas sobre o tema. Quando se zangou, na última delas, ponderou sobre a repetição das perguntas e foi chamado, novamente, de “birrento”.

Voltando ao “futebol é momento”, é possível dizer que futebol é, também, momento. Mas é confiança, comprometimento, continuidade, talento, sorte e uma série de outras características. E aqueles que pedem Ronaldinho eram os mesmos que o queriam fora da seleção quando era chamado e não jogava nada. E serão os mesmos a bater no Gaúcho caso ele seja chamado para o Mundial e não corresponda, ou mesmo se corresponder e o Brasil não levar a taça.

Trocando em miúdos: se a decisão é de Dunga, o cargo é dele, a pressão é em cima dele, ele deve pensar, com total razão, que, mesmo que as coisas deem errado, é melhor pagar o preço pelas próprias convicções do que ir na onda de quem não tem responsabilidade nenhuma com o resultado final. Afinal de contas, o que importa, como diria o filósofo Oto Glória, é que “se ganhar é bestial, se perder é uma besta”.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Gilberto: feito admirável


O meia cruzeirense Gilberto conseguiu, nesta semana, a admirável façanha de irritar torcedores das duas instituições que representa. Na terça-feira, ele foi convocado para a seleção brasileira para jogar como lateral esquerdo, o que, a essa altura do campeonato, denota a busca desesperada de Dunga por um camisa 6 para a Copa do Mundo. No dia seguinte, foi expulso aos 2 minutos do primeiro tempo da partida entre Cruzeiro e Vélez Sarsfield, pela Copa Libertadores da América. Os argentinos venceram por 2 a 0.

Em que pese a arbitragem caseira do uruguaio Martin Vásquez, a expulsão foi justa. Assim como seria o cartão amarelo, se fosse aplicado. Gilberto foi posto para fora de campo pela segunda vez na competição, e prejudicou muito a equipe. Mas o histórico de “bom moço” e as boas atuações que ele teve até aqui em seu retorno ao clube mineiro certamente ajudarão a diminuir a repercussão dessas patacoadas. Na seleção, porém, a pressão é um pouco maior e certamente ele não terá paz.

Na outra estreia brasileira da noite, o São Paulo não brilhou, mas venceu os reservas do Monterrey-MEX por 2 a 0. Destaque para a boa atuação de Washington, autor de um gol e co-autor de outro, e para o reencontro de Cicinho, companheiro de Gilberto na Copa do Mundo de 2006, com a torcida são-paulina. Mas fica a impressão de que muita coisa precisa melhorar para que o tricolor busque o tetracampeonato da competição.

Copa do Brasil: só o Botafogo tropeçou...


Ao assumir o cargo, no início de 2009, o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção declarou que queria acabar com o estigma de que “há coisas que só acontecem com o Botafogo”. Ele certamente não tinha ideia de que no primeiro dia de jogos da Copa do Brasil, a frase voltou a cair bem para ilustrar a rodada. O alvinegro carioca foi o único grande a tropeçar, perdendo para o São Raimundo-PA por 1 a 0, em Santarém e agora precisa vencer bem no Rio de Janeiro para seguir em frente na competição.


O destaque do jogo foi o goleiro Labilá, de apenas 1.74m de altura, que brilhou no segundo tempo e garantiu a vitória dos campeões da Série D. Na primeira etapa, os paraenses dominaram o jogo. A derrota é perfeitamente reversível, mas acende o sinal vermelho no clube, que disputará contra o Flamengo uma vaga para a final do primeiro turno do Campeonato Carioca. Afinal de contas, Joel Santana colocou os titulares em campo e certamente esperava um desempenho melhor.

Nos outros jogos da rodada, a cena mais interessante foi a entrada de Jardel – e sua barriga volumosa – no segundo tempo da vitória por 1 a 0 do Palmeiras sobre o Flamengo-PI, clube atual do atacante.. Sem brilho, o Grêmio venceu o Araguaia-MT por 3 a 1 e se classificou para a segunda fase. Bahia e Atlético Goianiense também já estão classificados e se enfrentam na sequência do torneio. O Vasco, com os reservas, sofreu um pouco para fazer 2 a 1 no Souza-PB.


Na estreia dos clubes maranhenses, dois empates: o Sampaio Corrêa segurou o 1 a 1 com o São Domingos-SE, enquanto o novato JV Lideral ficou no 0 a 0 com a Ponte Preta. Os bolivianos devem passar de fase, enquanto os imperatrizenses vão precisar suar sangue para arrancar a vaga em Campinas, e, mesmo assim, pode não ser suficiente.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Aloísio no Vozão: pode dar certo


Recém-promovido à Série A do Campeonato Brasileiro, o Ceará anunciou nesta terça-feira a contratação do centroavante Aloísio, campeão mundial interclubes com o São Paulo em 2005 e, no Brasil, também teve boas passagens por Goiás e Atlético Paranaense. Aos 35 anos, ele poderá ser muito útil ao Vozão durante a temporada, acrescentando qualidade, experiência e bom humor ao grupo, que ainda precisa de mais reforços.

Em 2009, o “Chulapa” não foi muito feliz com a camisa do Vasco, clube pelo qual foi contratado, a peso de ouro, para a disputa da Série B. Ofuscado pelo bom momento do centroavante Élton, que acabou o ano como um dos artilheiros da competição, Aloísio terminou a temporada na reserva, marcando apenas um gol em 12 partidas. O lance mais marcante dele na Colina foi o desmaio no jogo contra o Brasiliense, provocado pelo excesso de chicletes que mastigava no momento em que chocou-se com um zagueiro.

Ele vive os últimos anos de uma carreira que também inclui passagens bem-sucedidas por Saint-Etienne e Paris Saint-Germain, da França e um breve período no Rubin Kazan-RUS. E, jogando em um clube com ambições mais modestas, terá todas as oportunidades para reviver os bons momentos e quebrar um jejum de gols. E também contará com o apoio de muitos “fiscais da sociedade”, que nutrem grande simpatia pelo atacante e são capazes até de perdoar (com justiça) os erros de português que ele comete.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Força do hábito


O rebuliço causado pela convocação do técnico Dunga para o amistoso conta a Irlanda, no dia 2 de março, pareceu muito mais algo automático, pertencente à cultura do futebol brasileiro. Afinal de contas, o pessimismo nunca sai de moda e falar mal da seleção também é um esporte nacional. Mas as manifestações de indignação pela escolha de determinados jogadores foram contidas, e, analisando os últimos resultados, é fácil entender o porque.

A lista, como um todo, foi coerente com o trabalho que vem sendo realizado desde 2006. Doni brilhou na Copa América de 2007 e tem a gratidão de Dunga. Thiago Silva mostra no Milan que é realmente um zagueiraço e merece ir ao Mundial. Kléberson tem boa história com a amarelinha e merece ser testado, embora esteja furando fila. A exceção fica por conta de Gilberto, que atua no meio-campo do Cruzeiro, mas foi convocado para a lateral esquerda.

A camisa 6, aliás, ainda está sem dono. André Santos, que ganhou a posição de titular na Copa das Confederações, não foi chamado e pode ter perdido espaço com Dunga por também ter migrado para a meia. Marcelo, do Real Madri, passa pela mesma situação, Filipe Luís, do La Coruña, se machucou com gravidade e Kléber, do Internacional, não agradou nas oportunidades que recebeu.

Outra dúvida pode residir no número de atacantes a ser levado. Se forem apenas quatro, a disputa parece está definida. Caso mais uma vaga seja aberta com a não ida de um lateral ou volante, a expectativa sobre a convocação de Alexandre Pato, Ronaldinho Gaúcho ou Diego Tardelli aumentará. Há também uma incerteza sobre o terceiro goleiro. Victor, do Grêmio, Hélton, do Porto-POR, e Gomes, do Tottenham-ING, disputam o posto.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Eles decidem, e o time convence


O retorno triunfal de Robinho na vitória por 2 a 1 do Santos sobre o São Paulo neste domingo, na Arena Barueri já foi e ainda será amplamente discutido em todo e qualquer ambiente que respire futebol. Assim como a “polêmica” paradinha de Neymar, criticada por Rogério Ceni, que já fez o mesmo movimento várias vezes cobrando pênalti. O teenager agora é artilheiro do Campeonato Paulista, com sete gols marcados.

A atuação da dupla serve para encobrir um cenário que, talvez para os santistas, seja até mais importante do que o gol de letra marcado pelo camisa 7, ou o fato dele brilhar aqui no Brasil porque “a diferença de qualidade entre os campeonatos brasileiros e europeus é gritante”. Ou mesmo a ânsia dos apressadinhos em querer Neymar na Copa do Mundo de 2010. Robinho e Neymar estão na história do clássico, e outros detalhes importantes do jogo podem ser esquecidos.

Um desses detalhes, por exemplo, foi a belíssima atuação de Paulo Henrique Ganso, que sofreu um pênalti não marcado pelo juiz e infernizou a defesa são-paulina o tempo inteiro. Ou então que Arouca, que há pouco tempo estava no outro lado, acrescentou dinamismo ao lado direito e, embora tenha sofrido um pênalti duvidoso, também fez boa partida. O cruzamento de Wesley, que atuava improvisado na lateral direita – é bem verdade que ele sempre atua improvisado, pois não tem posição definida – merece destaque.

O fato do Santos ter assumido a liderança da competição também é lembrado vez ou outra, mas merece maior destaque, embora o torneio esteja apenas no início. Em suma, o gol de letra de Robinho vai vender jornais, gerar clicks, aumentar a audiência, estimular a compra de camisas por parte da torcida e encher o saco da “turma da corneta” que já o chamou algumas vezes de fracassado, embora quatro títulos nacionais e quatro com a seleção talvez não seja, propriamente, um currículo de looser.

E os santistas podem ficar animados, pois já reúnem argumentos que ultrapassam a qualidade dos craques para pensar que um grande time começa a ser formado.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

"O Jorge é um fenômeno"


A frase que dá o título desse post foi dita por Roberto Carlos logo após a goleada do Corinthians sobre o Sertãozinho, e ilustra, com justiça, o momento iluminado pelo qual passa o extremo, ou meia, ou atacante, como queiram. Afinal de contas, além da partidaça deste sábado, ele decidiu a partida contra o Bragantino e o clássico com o Palmeiras e é, certamente, o jogador mais decisivo do time na atualidade, como o foi em alguns momentos do ano passado.

O desempenho dele com a camisa do Corinthians surpreende quem o viu jogar anteriormente. Depois de um bom começo de carreira no Náutico, ele passou, sem se firmar, por Atlético Paranaense, Santo André e Ceará, até recuperar o bom futebol no Santa Cruz e ser contratado pelo Botafogo em 2007. No alvinegro carioca, jogou bem e era peça fundamental no esquema do técnico Cuca, mas também sofreu com a falta de títulos e com a instabilidade emocional da antiga diretoria.

Ele dava a impressão de ser um daqueles jogadores que só atuam bem com a camisa do Botafogo – assim como Rodrigo Beckham, Lúcio Flávio, Misso e outros -. Mas, ao ser contratado pelo Corinthians, tratou de acabar com essa suspeita e logo se firmou no time titular. Na final da Copa do Brasil, contra o Internacional, ele marcou o primeiro gol da vitória por 2 a 0 no jogo de ida, em São Paulo, e também abriu o placar do empate por 2 a 2 no Beira Rio.

Além dos gols e boas partidas, Jorge Henrique chama a atenção pela entrega que demonstra dentro de campo e tem no técnico Mano Menezes um admirador confesso. Os torcedores também reconhecem o fato dele jogar para o time e já começam a tratá-lo como ídolo, e mesmo os superstars Ronaldo e Roberto Carlos reconhecem o trabalho do camisa 23, que, próximo de completar 28 anos, vive a melhor fase da carreira e será fundamental para o Corinthians no ano do centenário.

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Neymar na seleção? Vale o teste


Neymar encanta o país nesse início de temporada, e o golaço marcado contra o Santo André foi apenas a cereja do bolo. Ele assumiu o papel de protagonista no time do Santos e, bem assessorado por seu amigo Paulo Henrique Ganso, é o melhor jogador do Campeonato Paulista até agora. O desempenho dele já fez com que alguns apressadinhos o pedissem na Copa do Mundo, sob a justificativa do maior sofisma futebolístico dos últimos tempos: “Futebol é momento”.

À parte os apressadinhos, é válido o argumento de que ele já poderia ser testado. Num daqueles amistosos só com jogadores do Brasil, que poderiam ser marcados, como aconteceu em 2002, contra a Bolívia e a Islândia, e em 1994, também contra os islandeses. Gilberto Silva, Kléberson, Kaká e até Ronaldo Fenômeno certamente agradecem às oportunidades recebidas nesses joguinhos. Talvez não tanto quanto Anderson Polga, que também garantiu vaga no Mundial nessa ocasião.

Na CNTP, Neymar seria a quinta ou sexta opção de Dunga. Estaria atrás de Robinho, Nilmar, Ronaldinho Gaúcho, Alexandre Pato e Diego Tardelli. Todos muito talentosos, é verdade, e merecedores de uma vaga para a posição. Mas um teste poderia mudar o quadro. Afinal de contas, Robinho vem de lesão, Ronaldinho Gaúcho não é confiável e Nilmar se machuca com muita facilidade. É sempre bom, em uma emergência, contar com alguém que possui o mínimo de experiência com a amarelinha.

O argumento de que é importante levar um jovem jogador para dar experiência a ele é válido até certo ponto. Da mesma maneira que a Copa de 1994 foi importante para Ronaldo e o Mundial de 2002 apresentou Kaká ao Planeta Bola, é importante lembrar que o primeiro não entrou em campo nos Estados Unidos e o segundo atuou por poucos minutos contra a Costa Rica na campanha do penta. E há sempre o exemplo traumático de Bismarck em 1990 para apoiar a tese dos mais prudentes.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A agilidade emocional do Gladiador


Jogar contra o Real Potosi fora da altitude e por uma competição importante é o remédio para qualquer crise, e o Cruzeiro mostrou isso nesta quarta-feira. A goleada por 7 a 0, além de levantar a auto-estima da equipe e impressionar os adversários, serviu fundamentalmente para selar a paz momentânea – ou definitiva – de Kléber com a torcida e abafar um pouco a agilidade emocional demonstrada pelo Gladiador nos últimos tempos.

O futebol é realmente o cenário perfeito para repentinas mudanças de postura e opinião, e Kléber é um bom exemplo. Outro dia, reclamava da torcida, dizia que não era tratado com carinho pelos cruzeirenses, e foi buscar esse apoio sentimental na festa da Mancha Verde. Agora, afirma que sempre sonhou com um contrato longo que lhe dê a possibilidade de ser ídolo, algo que nunca teve na carreira. Afinal de contas, jogar por cinco anos na Ucrânia não transforma ninguém em superstar.

A cartilha do bom jornalismo sempre diz que, entre ser ingênuo e leviano, é prudente – muitas vezes necessário – escolher a primeira opção. Sendo assim, vamos todos acreditar que o fato de Radamel Falcao viver uma grande fase no Porto e ser bem acompanhado pelo brasileiro Hulk não teve influência nenhuma na decisão de Kléber em não assinar com os Dragões. Ele voltou porque “o Brasil é lindo, o povo mineiro é lindo, a Pampulha é linda e a Máfia Azul é linda e o ama”.

Os cruzeirenses, que já começavam a se acostumar com a perda de seu principal matador, podem ficar felizes. Afinal de contas, a força e a técnica de Kléber serão fundamentais já na primeira fase da Copa Libertadores, onde o clube enfrenta um grupo difícil. Mas é bom ter sempre um pé atrás.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Kléber Pereira no Internacional: bom negócio ou fiasco anunciado?


A contratação de Kléber Pereira poderá até ser benéfica para o Internacional em um primeiro momento. Afinal, acalma os ânimos da torcida, que simplesmente odeia o eficiente Alecsandro, e traz a sensação de que os colorados finalmente têm um camisa 9 que possa corresponder as expectativas na Copa Libertadores. Olhando com mais cuidado, porém, é possível perceber que a vinda do centroavante poderá trazer problemas ao clube.

Os motivos são simples: o primeiro deles é que, incensado à condição de craque nos últimos anos, KP se notabilizou durante a carreira fazer gols incríveis e perder chances mais incríveis ainda. No México e no Santos, ele manteve a fama e foi artilheiro, mas já deu sinais, na última temporada, que a idade começa a pesar. Às vésperas de completar 35 anos, ele poderá contribuir com sua experiência, mas talvez não seja um nome tão indiscutível assim para resolver o problema de uma equipe que aspira um título continental.

A outra razão é mercadológica. Ao se juntar a Taison, Edu e Alecsandro, Kléber praticamente acaba com as chances de Walter e Leandro Damião, destaques do time B, terem uma chance num curto prazo. Essa ausência de oportunidades pode prejudicar o próprio desenvolvimento dos garotos, que parecem prontos para, pelo menos, compor o elenco.

A não ser que os dirigentes colorados estejam planejando a venda de um dos atacantes, a chegada de Kléber Pereira provoca um inchaço no elenco que terá de ser bem administrado pelo técnico Jorge Fossati. E o maranhense terá de mostrar serviço logo de cara para provar que o esforço feito para contratá-lo não foi em vão.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Os primeiros 15 dias da temporada 2010


Depois de um intervalo dedicado ao trabalho na Copa São Paulo de Juniores por Olheiros, estou de volta. E já com um breve balanço sobre os quatro maiores campeonatos estaduais do país.

Campeonato Carioca: Vasco, Flamengo e Fluminense parecem estar um degrau acima do Botafogo. Os cruzmaltinos ainda precisam de um teste de fogo, e o Fla x Flu maluco do último domingo foi um jogo atípico e maravilhoso de se ver. Mas não acho que seja motivo para tanta empolgação rubro-negra, e nem para uma crise nas Laranjeiras. Como bem disse o Cuca, o Flu perdeu quando podia. O Botafogo, por sua vez, confia no bom e velho Joel Santana para poder disputar o título, mas precisa recuperar o tempo perdido.

Destaques: A recuperação de Dodô, a afirmação de Coutinho e a eficiência impressionante da dupla Adriano/Vagner Love.


Campeonato Paulista: O Santos, recheado de garotos, empolga até aqui, e poderá alcançar a regularidade necessária com a chegada de Robinho. O garoto André, de 19 anos, tem a chance de sua vida, rodeado por três “garçons” da melhor qualidade, e precisa aproveitar a chance. No Corinthians, destaque para o sempre aplicado Jorge Henrique, e para Iarley, que já mostrou que será muito útil em 2010. O São Paulo sofre para encaixar os bondes que contratou no time, enquanto o Palmeiras esbarra nas lesões de seus principais jogadores e na falta de elenco.

Destaques: O belo início de Neymar, a volta de Robinho ao Santos, a afinação da dupla Jorge Henrique/Iarley.


Campeonato Mineiro: Aqui, os dois grandes sabem que vão se classificar e claudicam um pouco nesse início de torneio. O Cruzeiro, depois de golear o Uberlândia, priorizou o duelo contra o Real Potos-BOL pela Libertadores e escalou o time reserva contra o Ipatinga. A derrota por 3 a 0 acendeu o sinal amarelo para uma possível falta de qualidade no elenco celeste. No Atlético Mineiro, a vitória suada contra o Tupi no último fim de semana não encobriu as falhas do setor defensivo da equipe, que empatou com o América-MG na estreia.

Destaques: A permanência de Kléber no Cruzeiro, o retorno de Cáceres ao Galo.


Campeonato Gaúcho: O Internacional aprendeu a lição em 2007 e dessa vez preparou um time B com antecedência, desde o segundo semestre do ano passado. O resultado, obviamente, foi muito melhor, mesmo com a saída de Osmar Loss, que preparou a equipe e foi para o Juventude no fim do ano. Na volta dos titulares, goleada sobre os comandados de Loss e vitória suada no Grenal. O Grêmio, por sua vez, ainda busca a formação ideal e sofrerá com a ausência de Souza, que se machucou e ficará fora por pelo menos três meses.

Destaques: O bom desempenho do time B do Internacional, o belo início de temporada da dupla Jonas/Borges.